sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

FAMÍLIA DA OCEÂNIA


Estou de pé na fila do voo para Sydney. A menos de 36 horas de casa (a dos próximos 5 meses pelo menos). 

Acho que é agora que posso dizer que estou a entrar em 'Erasmus'. Acabou-se a vida de hotel e de festa com a família. Sim. Agora a Madalena, o Pedro e o Leo são a minha família deste lado do mundo.

Espero, no entanto, sair daqui com uma família mais alargada. Não, não vim com intenções de me casar por estes lados, mas quem sabe... Nunca digamos nunca. No final, há-de me custar abandona-la, tanto quanto me custou deixar os que me foram levar ao aeroporto ou se despediram de mim nas semanas anteriores.

Mas, voltando ao presente e ignorando futuros distantes, vou, para já, agradecer estes dias incríveis  aos membros da família dos quais me vou despedir muito em breve. 

À Madalena que embarcou comigo nesta loucura desde o primeiro dia em que ficámos a saber que ambicionávamos vir para o mesmo canto do mundo, que planeou comigo toda esta aventura inicial, e que desde que chegamos já esperou meia hora por mim quando no primeiro dia o jet lag levou a melhor, me emprestou o shampoo e amaciador dela favoritos mesmo sabendo que não os vai encontrar cá, me espalhou protetor solar nos escaldões e me emprestou dinheiro porque eu deixei o câmbio para a última da hora. Tenho a certeza que esta foi a primeira mas não a última vez que nos vemos por terras australianas, pois eu tenciono voltar e ela tem intenções de visitar-me também. Temos um pacto de que não ficaremos mais de 2 meses sem nos ver, e eu tenciono cumprir a minha parte deste acordo. 

Ao Pedro, que ocupou o meu lugar em Sydney e que me/nos incentivou sempre a fazer as coisas mais estúpidas desta viagem. Nomeadamente alugar um Suzuki cor-de-rosa, entre outras demasiado ridículas e vergonhosas para eu as registar aqui. Sempre com toda a sua calma e a sua postura de quem se acha um Deus na Terra, foi sempre o mais relaxado e a cabeça fria do grupo. Também é de referir que acartou sempre com a minha mala que por esta altura já ultrapassa os limites de peso de qualquer companhia aérea e se prontificou sempre a fazer os pedidos mais chatos e a falar com estranhos. Fez os comentários mais indecentes mas também os mais engraçados. E ele já disse, eu não quis admitir, mas confesso aqui, que esta viagem não tinha sido a mesma sem ele.

Finalmente ao Leonardo, que é tão perdido e aluado que é capaz de estar a ler este texto e achar que está a ler um jornal porque se esqueceu em que website entrou. O Pedro diz que se o Leonardo tentasse ficar ainda mais calmo o coração dele parava. É o Leo, alcunha que agora lhe damos, que vem comigo para a Nova Zelândia, e também é capaz de ser da nossa família o que eu menos conhecia. Do que fiquei conhecer é uma pessoa impecável e super prestável ainda que super distraída. Do que não fiquei a conhecer, acho que 5 meses serão suficientes para descobrir. 


Quem me conhece sabe que a Nova Zelândia não era a minha opção número um. Veio logo a seguir à Austrália porque continuava a ser do outro lado do mundo, era segura e publicitada como muito bonita e simultaneamente radical. Ironicamente vou ter a oportunidade de espreitar Sydney, a cidade do meu 'Erasmus' de sonho antes de chegar a Dunedin, a cidade do que vai ser com certeza o melhor 'Erasmus' que eu poderia pedir.

Não deixa de ser agridoce. O primeiro pensamento que me ocorreu é que a comparação é inimiga da felicidade. (E que mais vale não pensar no que poderia ser ou ter sido.) Mas bolas(!), se é inimiga também é amiga com certeza, porque enquanto eu ando para aqui a ver cangurus, a abraçar coalas, a ver cascatas e a a mergulhar numa das 7 maravilhas naturais do mundo, os meus amigos e a minha família dormem (por causa do fuso horário), ou preparam mais um dia normal de faculdade, escola ou trabalho... Quem sou eu para me queixar ou sentir triste.

É essa a postura que pretendo assumir a partir deste momento. 

A caminho desta nova casa, a cabeça vai a mil. Tenho tudo tratado mas parece que falta tanto por tratar. Inseguranças mil, e penso que agora me sinto mais nervosa do que triste. 
É uma estupidez irracional. 

Sei que tudo vai correr bem e que Dunedin me espera de braços abertos. Está na altura de relaxar e dormitar um pouco até Sydney para descontrair um pouco. 

Quando der notícias já estarei na terra dos Kiwis. 

Até lá!

J
19 Fev 2016

P.S. Ainda tenho muito que contar sobre Byron Bay, Cairns e claro, a Grande Barreira de Coral mas ainda não consegui organizar as fotografias para pôr aqui. Vou tentar fazê-lo durante a Orientation Week mas sem promessas. 

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