segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

CAIRNS


The gateway to Queensland’s tropical north, Cairns is a stylish city, which is also renowned for its relaxed, tropical climate and laid back ambience.

Ainda que não tivesse de madrugar, acabei mais uma vez por acordar bastante cedo. Fiz o que faço sempre, li mensagens de casa, pus-me a par de todas as redes sociais e escrevi durante um bocado.

O nosso voo era só ao meio dia e meia por isso estávamos bastante descontraídos com o tempo. 

Não consegui inovar no pequeno almoço que voltei a tomar no McDonald's do outro lado da rua: café expresso e scone simples. 

Quando voltei, tratei de verificar que a minha mala não excedia os 30Kg que tinha comprado. Ia viajar na Tiger Air, uma companhia aérea low cost australiana, que, como qualquer outra companhia low cost, cobra cada serviço extra. 

Todos prontos, dirigimo-nos até à recepção para chamar um táxi. Desta vez não negociámos preço à partida e deixamos que o indiano de turbante na cabeça que nos veio buscar, ligasse o contador. O número aumentava ao ritmo do ponteiro dos segundos de um relógio e acabamos por pagar mais 10AUD do que na vinda, 60AUD ao todo.

O Aeroporto doméstico de Brisbane é de pequenas dimensões e por isso encontrámos os nossos balcões do check-in (vazios) em menos de 2 minutos. Fui a primeira a ser atendida. Mala na balança e o ecrã marcava exatamente 30,0Kg. A hospedeira sorriu e disse "You did well on that one.", eu retribuí e suspirei de alívio. 

A Madalena não teve a mesma sorte e teve de distribuir peso pela minha mala de mão e a de porão do Pedro e do Leo.

Seguimos para os seguranças. Procedimento habitual mas eu e o Pedro fomos parados numa revisão aleatória. 

Íamos passar a hora de almoço a bordo e sem refeição por isso tratámos de nos alimentar pelo nosso terminal. Eu joguei pelo seguro e pedi uma sanduíche no Subway

Quando terminámos dirigimo-nos todos para a porta de embarque e enfrentámos um filme de terror quando a hospedeira nos disse que só podíamos transportar duas malas connosco e que o limite de peso das mesmas era conjuntamente 7kg. Todos tínhamos mais de 15kg connosco, o Pedro era o recordista com 19kg. 


Fizemos uma ginástica gigante e com três casacos em cima, de sacos de biquínis nas mãos, livros e carteiras debaixo dos braços, conseguimos todos reduzir o nosso total para o máximo permitido que eram 12kg. Ainda assim não nos livrámos de pagar este excesso de bagagem. 46AUD a cada um. 

Os restantes passageiros na fila de espera sorriam com um ar de pena para nós. Mas mantivemo-nos firmes e não deixamos nada para trás além de uma pasta de dentes e um baralho de cartas. 


A bordo, uma família indiana pediu ao Pedro para trocar de lugar e ficar connosco para que eles também pudessem ficar juntos. 

Para sorte ou azar dele, a cadeira do indiano no lugar em frente ao dele estava avariada e reclinava-se demasiado, o que o deixava sem espaço para abrir sequer o tabuleiro. A comissária de bordo assim que reparou no que se sucedia mudou-o logo de lugar e mais uma vez o Pedro, que já todos percebemos que nasceu com o rabinho virado para a lua, foi parar a um lugar na saída de emergência com espaço extra para as pernas. 

A Madalena é que saiu a ganhar. Ficou com dois lugares para dormir só para ela e aproveitou toda a confusão de camisolas que o Pedro tinha tido de trazer na mão como almofada para dormir. 

Eu já sei que sorte em lugares de avião não é comigo. 

Ainda assim, neste voo não apostei mal. Fui sempre a espreitar à janela e consegui uma vista aérea para a barreira de coral excelente. 


Em menos de duas horas e meia de voo aterrámos em Cairns


Cairns é a cidade preferida para os visitantes da barreira de coral, com um pequeno porto marítimo de onde partem barcos diariamente para os vários recifes. O nosso barco partiría no dia seguinte.

No aeroporto arranjámos um shuttle super barato (10AUD cada) e comprámos logo a ida e o regresso para o hostel.


O hostel em que pernoitamos à chegada e na noite pós-barco foi o mais económico de todos (Corona Backpackers). 10€(=16AUD) por noite por pessoa, num quarto misto para 4 pessoas (em toda a viagem optamos por ficar nestes quartos de forma a assegurar sermos os únicos com acesso o que nos permitia deixar bagagem no quarto com mais alguma segurança). O preço reduzido era explicado pela falta de circulação de ar do edifício e pelo lance de 30 escadas pelo qual arrastamos as nossas malas para chegar ao quarto. Numa cidade a atingir máximas de 38 graus e onde a sensação térmica nem à noite descia muito abaixo desta fasquia, quase que nos víamos aflitos para respirar. 


Reparámos que íamos chegar durante o que eles chamavam 'Siesta Time', em que não estaria ninguém na recepção para nos fazer o check-in, por isso enviámos um e-mail e a chave foi-nos deixada num cofre para que pudéssemos orientar a nossa vida e bagagem antes que esse período pós-almoço terminasse. 


Depois de termos tudo tratado e serem 17h, já mortos de fome pelo almoço ligeiro e pela viagem longa, aproveitámos os talões de desconto que a recepcionista nos deu para uma refeição com bebida gratuita no The Pier Bar por apenas 10AUD. Ainda que desconfiados do preço tão apetecível, tivemos uma agradável surpresa quando demos com o estabelecimento localizado no Pier, super moderno e com vista para o mar. 

Melhor ainda foi mesmo o jantar: 200gr de bife com batata e salada. Carne um pouco passada demais para nós ocidentais mas depois de tantos hambúrgueres e outras porcarias soube-nos mesmo bem.


Os rapazes ainda tiveram direito a duas cervejas e compraram mais algumas porque era happy hour

Eu e a Madalena escaldadas do dia de praia em Byron Bay, fomos à procura de um supermercado para comprar alguns bens de primeira necessidade que nos faziam falta. Nomeadamente um que eu desconhecia até ao momento mas que com certeza fará parte da minha vida assiduamente nos próximos 6 meses, uns chocolates da marca Tim Tam que não é comercializada em Portugal ou na Europa (acho só mesmo por aqui na Oceânia) e que eu garanto que são um pedaço do céu na terra.



O calor que se fazia sentir estava mesmo a pedir um gelado para arrefecer e como no caminho para o supermercado tínhamos encontrado uma geladaria de gelados de nitrogénio fomos buscar os rapazes para os arrastar até lá. 



Primeiro tínhamos tentado um McFlurry/Sundae no McDonald's mas descobrimos que eles são um pouco fracos nas sobremesas e só vendem as tartes de maçã que também se vendem em Portugal e um gelado chamado ChocoTop que é basicamente um corneto de gelado de nata com cobertura de chocolate. 

Já percorrido o paredão todo, onde no final encontramos um complexo desportivo com um skate park e um campo de voleibol, regressamos para perto da piscina/praia artificial que eles chamam de lagoon

Podia ser uma gaivota, mas como estamos na Austrália é um morcego.




Apareceu um velho todo alucinado e drogado que nos deu um discurso todo enrolado sobre a rainha. Não dizia coisa com coisa e olhava-nos nos olhos de forma super intensa para minutos depois de partir a rir. Nós alinhamos no jogo de rir quando ele ria e ele eventualmente foi-se embora. 

Quando estávamos a voltar para o Hostel demos de caras com um Casino. Como ainda era cedo e estávamos descomprometidos no tempo decidimos tentar a nossa sorte. Um pouco inseguros por estarmos com roupa de praia e chinelo no dedo, atravessámos a porta principal. O Pedro e o Leonardo que iam um pouco mais à frente entraram sem problemas, eu e a Madalena que não tínhamos levado o passaporte ou o cartão de cidadão para jantar vimo-nos obrigadas a regressar ao hostel para nos podermos juntar a eles.

Com os cartões de cidadão não tivemos problema nenhum a entrar. Não existia dresscode. Todo o casino era um pouco desgovernado. Os empregados das mesas de jogo eram super lentos e ineficientes. Nada a ver com os que se vêm nos Casinos Estoril ou Lisboa. E além disso a aposta mínima na mesa da roleta era de 2,5AUD (=1,60€ - na mesa mesmo, não electrónica).

O Pedro conseguiu recuperar o dinheiro que tinha perdido no excesso da bagagem. 
Eu, a Madalena e o Leonardo decidimos não testar a nossa sorte.

Pensámos em ir espreitar a noite australiana mas decidimos que deixaríamos a grande saída para a nossa última noite de férias. 

Voltámos para o hostel onde estava um calor do inferno. A ventoinha no teto que só movimentava o ar quente era inútil. Eu fui tomar banho antes de me deitar mas ao fim de 10 minutos já estava a transpirar ainda que estivesse debaixo da ventoinha. 

Para completar o cenário, o nosso quarto parecia um daqueles que se vê nos documentários sobre tráfego de droga, com dois beliches um frigorífico e grades nas janelas. Parecia que estávamos os quatro à espera que passasse o Juan com o carregamento de cocaína que teríamos de transportar. 

Alucinações e brincadeiras à parte, fiquei acordada mesmo muito tempo sem sono e ia ouvindo os queixumes murmurados por entre o sono deles os três. 

A desesperar e a passar mesmo mal com o calor fui buscar a minha garrafa de água que estava fresca no frigorífico e agarrei-me a ela para a adormecer. A rezar para que no barco o calor não fosse tão insuportável.

J
16 Fev 2016

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