quarta-feira, 2 de março de 2016

ORIENTATION WEEK

Academic Orientation Week comprises of a wide variety of academic events to assist students settling into university life.


Apesar do nome, não sei se me pude considerar orientada no final da semana. Mas foi incrível e passou a correr.

Não quero (nem vou estar a) fazer uma descrição exaustiva do meu dia-a-dia durante este período de tempo, como fiz para a viagem pela Austrália ou para a minha chegada aqui. Vou só tentar cobrir os eventos mais importantes e marcantes.

Foi uma semana agitada, divertida e diferente. Houve festa mas também houve assuntos sérios a tratar. E eu tentei encontrar um equilíbrio entre os dois. (In)felizmente nunca fui uma pessoa com muito equilíbrio (literalmente falando).

Festas aconteceram todas as noites, um pouco por todo o lado. Não fui a todas, nem pouco mais ou menos. Fui às que quis, consegui e me apeteceu.

Para minha sorte e não muito por coincidência (porque na verdade eu já tinha enviado um e-mail para o escritório dos Uni Flats), o meu flat não se limita a ser uma casa num terreno; na verdade, faz parte de um complexo de 7 flats dispostos de forma não muito organizada de tal maneira que acaba por criar um pequeno pátio entre eles. Foi aqui que criámos a nossa própria comunidade e "pequena" família.


Ao todo somos 37, de onde 7 são kiwi hosts, e dos restantes a maioria é norte-americana. Ainda assim conseguimos ser 7 oriundos da Europa (Portugal, Inglaterra, Irlanda, Noruega, França e República Checa) e ainda ter uma rapariga do Taiwan.

Mantivémo-nos juntos tanto quanto nos foi possível nas atividades a que aderimos. Inclusive adotar amigos de estimação.

Este é um visitante regular
Este apanhou-me de surpresa na nossa sala
No primeiro dia fui mais independente e autónoma e tratei da minha situação financeira.

Não sei se já alguma vez, por auto-recriação experimentaram procurar dólares neozelandeses em Portugal mas estes são praticamente inexistentes. Por isso todo o dinheiro que trazia nos bolsos até chegar ao aeroporto de Christchurch eram euros (consegui acabar com a minha liquidez australiana) e eu optei por trocar muito poucos nessa altura porque queria abrir a minha conta cá e não sabia qual era o mínimo suficiente.

Por esse mesmo motivo, a minha primeira paragem foi o banco, ANZ. Mesmo coladinho à universidade e com o próprio nome da mesma, não encontrei motivos para me aventurar noutro banco qualquer. Ao fim de uma hora tinha aberto a minha conta e tinha um cartão provisório pronto a ser usado em qualquer máquina multibanco ou terminal EFTPOS (como eles chamam aqui).

Muito mais folgada financeiramente, fui despachar o meu check-in como estudante internacional e inscrevi-me numa visita guiada pelo campus. Esta última decisão revelou-se uma perda de tempo porque o campus era gigante e continuei sem saber metade dos nomes dos edifícios onde vou ter aulas.

Food court onde estava montada a recepção para o check-in de estudantes internacionais
Welcome Pack da Universidade (uma série de formulários e uma caneta, nada de outro mundo...)
Ponto alto da visita guiada: a minha faculdade é a que tem melhor vista para o Otago Harbour e para o estádio da equipa de rugby local, os Highlanders
Nessa noite, não houve festa. Os nossos kiwi hosts do complexo pegaram nos seus carros e levaram-nos até ao ponto mais alto da cidade para podermos ver Dunedin noutra perspectiva.

Para minha grande alegria, que adoro fotografias, um dos meus colegas de casa é aspirante a fotógrafo e tirou uma chapa que bate qualquer uma das que tenho no iPhone, por isso podem apreciar esta e outras fotografias das viagens dele pela Nova Zelândia, aqui:



No dia seguinte, terça-feira, não se fez grande coisa de manhã. À tarde era o dia do Sports Day e eu tinha-me inscrito para jogar voleibol. Por volta das 13h reunimos a parte da família do complexo que estava interessada e partimos para o campo.

Não estava nada à espera do cenário com que me deparei quando lá cheguei. Aos poucos iam chegando vários grupos de pessoas provenientes de vários colleges (que é o nome que dão aos dormitórios universitários de cá), todos vestidos com a sua cor e a entoar os seus gritos. Havia uns com gaitas de foles e tudo. Parecia um cenário de um filme americano. Só mesmo de um filme, porque eu perguntei aos meus amigos se aquilo também acontecia nas universidades americanas deles e eles disseram que nunca naquela dimensão, pompa e circunstância.

O campo, que fica a 10 minutos a pé do meu flat, tem uma envolvente de colinas mesmo gira. Não levei o telemóvel porque achava que ia jogar e por isso fiquei sem fotografias, mas o que não faltavam eram câmeras fotográficas e de filmar a cobrir o evento. Desisti da ideia de jogar muito rápido. Estava um sol abrasador e como eram tantas equipas, tínhamos de esperar meia hora para jogar jogos de 3 minutos.

(Ainda não encontrei vídeos mas há fotografias que mostram a intensidade do evento:)







Acompanhei os meus amigos ao churrasco gratuito que acontecia nas laterais do relvado e depois seguimos de volta para o complexo. O tempo estava tão agradável e quente que aproveitámos para apanhar sol no nosso pequeno relvado.

Para jantar decidimos aproveitar uma promoção de leve 2 pague 1 para comer uns hambúrgueres de borrego muito famosos na Nova Zelândia, Velvet Burgers. São TÃO BONS e GIGANTES. Comi que nem uma rainha por 8,8NZD (=5,32€).




Quanto ao resto da semana... Como sou um ratinho das aplicações e dos manuais de instruções, comecei a semana com todo um plano super definido das palestras e sessões em que participaria na aplicação da orientation week que a universidade tinha preparado. Eu sou óptima a planear, juro que sou. Não tenho muito jeito é para seguir planos. Mas depois pus-me a pensar e quem é que precisa de ir a palestras com o nome "Success at University"?

Quarta-feira de manhã
Até para a sessão de boas-vindas para estudantes internacionais me arrastei a muito custo. Pareceram as duas horas mais longas da minha vida. E para melhorar a situação, a sessão teve início com um senhor muito estiloso de fato com gravata e meias com um padrão galáctico que iniciou o seu discurso com um monólogo em Maori. Não estou a exagerar quando digo que estive um minuto e meio a tentar perceber se era inglês e eu é que era burra e não percebia. O senhor fazia pausas constantemente e sempre que eu achava que ele tinha terminado e ia começar a falar inglês, ele continuava perante uma plateia super confusa e algo desinteressada.


Eventualmente, e depois de mandar mil frases do género "He aha te kai ō te rangatira? He Kōrero, he kōrero, he kōrero." (na realidade não faço ideia do que ele dizia, mas imagino que fossem coisas muito inspiradoras por isso fui tirar esta ao google cuja tradução é: What is the food of the leader. It is knowledge. It is communication.), lá passou para o inglês e nos deu as boas-vindas.

A sessão foi bastante informativa: o que (não) fazer quando se viaja pela Nova Zelândia (porque no ano passado um estudante internacional morreu a tentar atravessar um rio), números de emergência, a percentagem do staff da faculdade que não é neozelandesa (70%, ou seja, estou numa universidade muito internacional), ser proibido queimar sofás (é uma tradição dos estudantes cá que já aconteceu na rua do Leo; os alunos responsáveis são expulsos da faculdade), não consumir drogas...

Depois fomos encaminhados para o estádio dos Highlanders, equipa local de rugby, onde fica também o ginásio gratuito da minha faculdade. Havia uma exposição com vários serviços da faculdade e da cidade e mais uma vez almoço gratuito que eu ignorei por completo.

Regressei ao complexo para me juntar aos meus amigos e ir para a feira de clubes que decorria no edifício principal.



Sou capaz de me ter excedido um pouco na quantidade de clubes e sociedades em que me inscrevi. Quando dei por mim, estava a assinar uma petição para a universidade cessar a utilização de combustíveis fósseis. No final da tarde estava inscrita no Otago Students Boardriders (Surf Club), na fundação Ronald McDonald's, numa aula de Capoeira, numa aula de yoga e meditação e no Comp Girls Otago (que é basicamente um grupo de raparigas que se reune todas as terças para comer pizza e falar de tecnologia). Ainda levei para casa brochuras de vários cursos que a OUSA (associação de estudantes cá do sítio) tem para oferecer, entre eles Ukulele para Iniciados, Japonês para Iniciados e Fotografia Digital para Iniciados também.

Surpreendentemente, ou não, consegui não me inscrever no clube mais famoso da faculdade, o Tramping Club. Basicamente o que organiza excursões, caminhadas, acampamentos e todas essas coisas tão neozelandesas. Não tinha student ID, culpa do International Office que não introduziu o meu visto corretamente no sistema, e por isso não conseguiria de qualquer forma. O que vale é que eles aqui gravam e fotografam tudo:




Eu e a minha mania de aderir e assinar tudo valeram-me 5 minutos ao telefone com um coordenador de uma igreja porque tinha preenchido um inquérito só para receber um (ou talvez dois) donuts.


Quando cheguei ao complexo, a Jordan e a Caitlin estavam a comentar que com o calor que estava o ideal era ir à praia. Em menos de 5 minutos vestimos os nossos bikinis e fizemos-nos às estrada rumo a Macandrew Bay, uma praia mesmo pequenina mas deserta ainda no interior da península de Otago.



O tempo estava mesmo agradável e o sol abrasador. Fiquei a saber que os kiwis sofrem muito de doenças de pele porque existe um grande buraco na camada de ozono exatamente por cima da Nova Zelândia. Apesar disso, a água estava insuportavelmente fria. Os mergulhos no Guincho ficaram a parecer uma brincadeira ao lado dos mergulhos nas águas por aqui. E por isso, tinha a água pelos joelhos quando desisti.

Quinta-feira era o último dia para ir a todas sessões informativas. Eu só queria ter ido à do IT para aprender a usar o meu e-mail e os sistemas de impressão da faculdade mas como continuava sem student ID, não fui capaz. Foi o dia em que pela primeira vez me dediquei à cozinha e fiz um prato (básico mas) decente. Especialidade da minha mãe: strogonoff de frango. E desde aí que tenho optado por comer em casa, porque além de mais saudável (na primeira semana os meus colegas de complexo comeram imenso fast food) e económico, já estava a morrer de saudades de sabores familiares e de ARROZ. (A Caitlin fica sempre espantada com a quantidade de arroz que como).

Sexta-feira fiquei a maior parte da manhã em casa na ronha. A falar para Portugal para me pôr a par de novidades. À tarde consegui finalmente o meu student ID, mas se calhar não devia ter conseguido.

Lição: nunca fazer o cartão de ressaca e depois de tomar banho sem secar o cabelo
Aproveitei e comprei cadernos e o material escolar que me fazia falta numa das lojas da universidade. Sim, porque a universidade tem só no edifício principal, fora todos os outros, um mini supermercado, um café, uma loja de sanduíches (muito parecida à cadeia Subway e onde eu já devo ter almoçado três vezes) e uma loja de material escolar (que ao contrário do que seria de esperar é muito mais em conta que qualquer papelaria/supermercado fora da universidade).

Durante a tarde quis ir explorar a cidade com liberdade e por isso fui sozinha. Aproveitei e entrei no único centro comercial de maiores dimensões de cá para explorar um pouco. Comprei uma lembrança para o aniversário da minha kiwi host e fui ao supermercado pela enésima vez desde que cheguei, porque parece que me esqueço sempre de comprar qualquer coisa.

E assim de repente estava terminada a minha orientation week. No final parecia que já estava aqui há um mês ou dois, e o meu quarto e o meu flat já me sabem muito à minha segunda casa.

Sinto imensa falta de ter a família e os meus amigos por perto. A diferença dos fusos horários faz com que os dias, especialmente as tardes, custem um pouco a passar pois não há notícias de casa. Mas não me posso queixar porque sou uma sortuda que tem sempre pessoas com quem falar de manhã e à noite. (Os meus colegas do complexo acham incrível, e estranho, porque não falam para casa um terço do que eu falo e têm fusos horários, ainda que maiores, muito mais compatíveis).

22 a 26 de Fev 2016



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