segunda-feira, 14 de março de 2016

1ª Semana de Aulas


A minha primeira semana de aulas começou devagar, e prevejo que a história se repita em todas as minhas semanas de aulas por cá, uma vez que a minha primeira aula às segundas-feiras só começa às 16h.

É bom e é mau. Falhei a promessa que tinha feito a mim mesma de que não ia ficar na ronha. Passei uma boa metade do meu dia na cama. Produtividade zero.

Vi e revi o mapa do campus da universidade mil vezes para ter a certeza que não me perdia. 
As nossas aulas duram sempre 50 minutos e em seguida temos 10 minutos para chegar à sala  de aula seguinte.
(Este nem é o mapa completo)


Na Nova em que as salas são todas no mesmo edificío e, quando muito, o maior desafio será ir do piso -1 ao 2, 10 minutos chegam e sobram, até porque a pontualidade portuguesa não exige muitas pressas, mas aqui os edifícios do campus estão espalhados por toda a cidade, e as minhas aulas nem sempre se limitam só a uma zona.

Há placas espalhadas por toda a cidade, porque existem departamentos/faculdades/salas de aula um pouco por todo o lado
A minha primeira aula foi no Richardson Building (RMOOT), número 59 no mapa. 

Fácil, mesmo ao lado da biblioteca central e do link que é o edifício principal. Pensei que 10 minutos eram mais que suficientes desde casa (que fica na Leith Street mesmo ao lado do número 81 que é o escritório dos Uni Flats) até lá. 

Início da Leith, para quem vem do lado da Universidade

Mentira. E como à boa maneira portuguesa, eu nem devo ter saído de facto 10 minutos antes, cheguei à entrada do edifício eram 15h57. 

Estava tudo controlado até ao momento em que descobri que a sala de aula ficava na ala de salas de direito no décimo andar. Com os 4 elevadores a abarrotar, olhei para o Leo, que está a fazer a cadeira comigo, e disse que ia de escadas. Ele disse que eu era maluca mas juntou-se à minha loucura. No sexto lance de escadas eu já estava decidida que seria um dia para faltar ao ginásio.

Chegámos, todos esbaforidos às 16h03. Auditório, ou melhor, sala de audiências cheia. Fizemos o nosso walk of shame até à fila da frente e ouvimos a nossa primeira aula de Environmental Economics com vista privilegiada para o quadro.

Estes primeiros 50 minutos de orientações iniciais passaram a correr e estava terminada a minha primeira aula do dia. Para o Leo o dia de aulas estava terminado mas eu ainda tinha de descer os 10 pisos e chegar ao edifício de artes (52) para ter a minha primeira aula de Quantitative Analysis for Business (o meu waiver para Estatística na Nova).

Fui de escadas novamente para evitar o trânsito dos elevadores. Erro crasso. Cheguei ao BURN1 e o auditório estava à pinha. Mais uma vez só consegui lugar na fila da frente. Basicamente mantive o registo nerd e empenhado, ainda que nunca pontual, da aula anterior.

No final, todos os alunos tinham recebido um clicker (espécie de comando para responder a questões de escolha múltipla durante as aulas teóricas, ou por outras palavras, uma forma de controlar presenças) e uma pilha. 

Como tudo me estava a correr bem nesse dia, o meu clicker não funcionava porque a pilha que me calhou já tinha dado tudo o que tinha para dar, o que me obrigou a mais uma ida ao supermercado no dia seguinte.

Resumindo: o primeiro dia foi um misto de procrastinação matinal e caos vespertino.

O resto da semana passou-se. Um pouco lentamente (demasiado até). O facto de ter um horário cheio de furos e com pouca carga horária (13 horas semanais) não ajudou muito (na Nova cheguei a ter 26). Além disso não houve tutorials (o equivalente às aulas práticas na Nova) durante a primeira semana, o que a tornou ainda mais monótona e desocupada.


Ninguém do meu complexo está a fazer cadeiras de economia. A grande maioria estuda geologia, biologia, zoologia ou ciências do desporto e está a fazer cadeiras optativas gerais (há com cada uma mais maluca que a outra) consequentemente são poucas as aulas em que vejo caras familiares, menos ainda, são as pessoas que têm um horário parecido com o meu. Por isso, nas horas vagas vinha para casa e se fossem horas decentes em Portugal passava-as no Skype ou no WhatsApp.

Na terça-feira tive o meu primeiro e único teste diagnóstico para a cadeira de estatística. Não estava nervosa mas também não me queria sair mal. Acabei por ter um desempenho "excepcional" segundo a instrutora que nos dava o feedback no final do teste. Errei 4 questões em 30, e não foi por não saber matemática, mas por não saber certos termos em inglês. Perguntou-me se o meu major era em Finanças e/ou Contabilidade Financeira (ri-me e chorei mentalmente por ter chumbado a Finanças no último semestre), disse-lhe que estudava economia e depois de 5 segundos de pura admiração a olhar para mim, ela sorriu e disse para eu não me preocupar porque não deveria ter grandes problemas com a cadeira.
Depois de um discurso em que o lecturer (professor regente) disse que era hábito cerca de 25% dos alunos inscritos chumbarem à cadeira, senti-me ligeiramente mais segura. O que é facto é que matemática não é um dos fortes dos meus colegas kiwis.

Também foi o primeiro dia em que tive aulas no edifício da faculdade de economia (27), pois apesar de estar a fazer maioritariamente cadeiras de "commerce", as salas de aula são muito mais distribuídas pela sua capacidade do que propriamente pela sua localização por departamento.


Sei que habitualmente nos referimos à pontualidade como uma característica inglesa, mas se há característica que os kiwis herdaram dos seus colonizadores foi a extrema pontualidade. Desde os dois episódios consecutivos em que me sentei na fila da frente passei a chegar à sala 5/10 minutos antes do início da aula (sempre que a alocação de salas me permitiu). Penso que eles também adotam esta postura pelo facto dos professores começarem e acabarem as aulas rigorosamente no horário estipulado.

Criei uma aversão tão grande à fila da frente que na minha primeira aula de Marketing Management consegui um lugar isolado nas filas de trás. Pareceu-me uma óptima ideia até ao momento em que o professor nos sugeriu que cumprimentássemos o colega sentado ao nosso lado e eu encontrei apenas duas cadeiras vazias...


Na quarta-feira, durante um dos meus furos enormes e em conversa com amigas do meu complexo decidimos que o nosso fim-de-semana pós-primeira semana de aulas seria passado em Queenstown e as preparações para a viagem acabaram por tornar a semana mais entusiasmante.

Além disso, fui com o Leo experimentar os gelados mais famosos de Dunedin, vendidos num mini-mercado de esquina chamado Rob Roy Dairy. A verdade é que além de óptimos e saborosos, os gelados são vendidos a preço de uva mijona, 2,20NZD(=1,45€) por um cone com duas bolas enormes de gelado.
Existiam muitos sabores por onde escolher e eu optei pelo clássico Cookies and Cream
Na quinta-feira, com apenas uma aula a ter início às 16h, e em jeito de preparação para o fim-de-semana de aventura, fui ao centro adquirir material de montanhismo durante a tarde e consequentemente gastei rios de dinheiro pois, pelo facto da Nova Zelândia ser conhecida pelas atividades outdoor, o sector de venda de material para tais atividades é altamente lucrativo. Quase 400NZD depois estava equipada com um par de botas de montanha, um casaco impermiável e mais uma série de acessórios e jiga-jogas que a senhora da loja disse que eu não deveria prescindir.

Também fiquei encarregue de reservar e requisitar uma tenda no UniPol da faculdade (que aluga todo o material de desporto e campismo possível e imaginário por preços super acessíveis) e tratei disso quando fui ao ginásio (surpreendentemente consegui de certa forma recuperar o hábito de ir ao ginásio rapidamente).

Ainda antes de jantar, fomos as cinco, eu e as minhas companheiras de viagem, ao supermercado abastecermo-nos para o fim-de-semana.

Por ser véspera de viagem (para nós as cinco mas também para quase todos os nossos amigos internacionais do complexo) e porque os nossos planos eram ambiciosos ninguém foi sair ou beber, deitámo-nos todos cedo para madrugar no dia seguinte.

29 de Fev a 3 de Mar

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