quinta-feira, 21 de abril de 2016

HALFWAY THROUGH

E de repente passaram dois meses desde que aterrei em terras neozelandesas.

Tenho-me desiludido a mim mesma (e a alguns leitores mais fiéis) neste projeto pessoal de registar as minhas aventuras, mas o tempo aqui voa e dou por mim a reparar que devo estar a meio da minha jornada.

Quero cobrir alguns dos momentos mais importantes do último mês e meio nesta publicação e por isso (e para não variar) o texto promete ser longo.

Vou começar por deixar um reparo: o meu português está cada vez pior. Dou por mim frustrada para encontrar as palavras certas para descrever coisas simples e pior que isso é sentir que a evolução do meu inglês, que devia compensar esta regressão no português, não segue ao mesmo ritmo.

De qualquer forma, dei o meu melhor.

2ª SEMANA DE AULAS (7 a 10 Mar)

A photo posted by Joana Martins de Lima (@joanagmlima) on
Regressada de um fim-de-semana longe de casa, esta semana teve um início lento, felizmente o horário das minhas segundas-feiras permite estes prazeres (só começo as aulas às 16h).

Apesar disso, acordei para a vida e peguei pela primeira vez nos livros. E que sítio melhor para o fazer do que a biblioteca central da universidade.

Já que estou a escrever com atraso, posso dizer que se tornou um dos meus sítios preferidos na cidade e na universidade toda. Sim, estou em Erasmus. Não, não deixei de estudar. Aliás, chamem-me louca, mas o tempo livre que o meu horário me oferece tornou-me muito mais empenhada a nível académico. Tenho tempo para tudo! Estudar, ir a festas, viajar… (Agora arrependo-me de ter usado o factor tempo como desculpa para não escrever aqui, mas as prioridades alteraram-se e o que não registei, levo na memória, espero).

Voltando ao assunto biblioteca… Pobre biblioteca Almada Negreiros da Nova SBE e pobre de mim quando tiver de regressar àquela típica caça de lugar, porque pelas 11h já todas as mesas têm cadernos nos tampos em jeito de sinal de reserva. Aqui ninguém abandona mesas com mochilas só porque sim, e também nunca demorei mais de 5 minutos a encontrar um espaço para estudar.

Ainda agora comecei, e já me estou a estender demais neste tópico. Para ser sincera acho que podia escrever uma ode à biblioteca, porque é mesmo um sítio acolhedor; dou por mim a ir para lá só para ouvir música.

Para tornar isto menos aborrecido vou enumerar os motivos pelos quais ESTA biblioteca (existem mais 7 só no campus) é extraordinária:
  1. Tem QUATRO, sim quatro andares com 2 200 lugares;
  2. Não é recente mas tem um design super moderno (foi construída em 2001);
  3. Tem 27 tipos diferentes de locais de estudo, e não os consigo enumerar todos, mas lembro-me agora de alguns: cabines individuais com vista para a biblioteca, filas corridas de lugares, mesas de grupo, mesas individuais, mesas com computadores, mesas em áreas reservadas, sofás…;
  4. Tem fotocopiadoras por todo o lado (e apesar de me ter levado uma hora a perceber como funcionavam, são a coisa mais prática e rápida de usar de sempre; abaixo as reprografias!);
  5. Tem uma sala de “white noise” em que o silêncio é tão forte que se consegue ouvir (ainda não tive coragem de lá entrar, é muita pressão para mim);
  6. Muitos dos locais de estudo tem candeeiros e tomadas individuais e as cadeiras são almofadadas com rodinhas(!!!);
  7. Tem à vontade mais de 20 salas de grupo (que eu posso reservar a qualquer momento até 3 horas), que consistem em salas envidraçadas para trabalhos de grupo, cada uma equipada com um quadro branco, uma TV, muitas delas também com projetor e leitor de DVDs;
  8. Tem uma sala de exposição de obras de arte e as coleções vão mudando ao longo do ano;
  9. Não sou a única a achar, já foi mencionada como um dos 8 melhores spots inspiracionais de estudo aqui;
  10. Tem um quadro avaliado em $2M (NZD) protegido com alarmes que apitam quando nos aproximamos demasiado - e acho que vou deixar terminar a lista de argumentos por aqui.
Esta semana ficou também marcada pelo início dos tutorials (aka aulas práticas) e por isso estive relativamente à primeira semana um pouco mais ocupada.

Fiquei a saber que as minhas aulas de estatística envolveriam aulas em computadores e conheci um professor entusiasta por desportos náuticos que quando descobriu que era portuguesa me perguntou logo se levava vida de marinheira. Respondi-lhe que não mas que por acaso tinha dois irmãos velejadores olímpicos da modalidade. Desde aí, as nossas conversas passaram de p-values, hypothesis testing e skewness para barcos, regatas, jogos, resultados e quês.

Descobri que não existem salas de estudo 24/7, mas que estas também não são necessárias porque aqui ninguém tem de estudar à noite… Toda a gente tem tempo durante o dia.

Eu como gosto de ser diferente e como em Lisboa tinha o hábito de ir para o IST no Tagus Park para estudar até tarde, tive de perguntar à minha kiwi host qual a solução.
Claro está que, para uma pessoa que janta às 17h30 e acorda às 6h todos os dias, ficou surpreendida por eu pôr sequer essa hipótese mas explicou-me que com o meu cartão de estudante e com o código que me entregaram na altura em que o recebi, tenho acesso ao edifício da universidade que corresponde ao meu major (é uma coisa mesmo geek e nerd de se fazer: passar o cartão, introduzir um código e entrar num edifício a meio da noite para ir estudar... eu adoro!). (Entretanto,) eu não faço a mínima ideia de qual é o meu major… Sempre que me perguntam eu digo que em Portugal não há disso e que estou a tirar um curso de economia.
Parti só do pressuposto de que se estou a fazer só cadeiras relacionadas com business, o meu edifício teria de ser o de Commerce, e na minha primeira tentativa constatei que não estava enganada.
Troquei umas SMS com a minha buddy (do Otago International Friendship Network) e descobri que existe um computer lab muito cozy no terceiro andar.
Desde aí que esse é o meu spot de estudo e na grande maioria das vezes tenho o lab só para mim por isso até tenho liberdade para ouvir música e fazer barulho. (Ultimamente uma família chinesa tem invadido o meu spot e tenho sido obrigada a usar earphones).
As vantagens disto tudo é que não tenho as distrações que tenho no meu flat: se estudo na sala,  das duas uma, ou não faço nada porque tenho sempre amigos a entrar e a sair, ou não paro de comer porque a sala e a cozinha são na mesma divisão; se estudo no meu quarto, tenho a minha cama ao lado a chamar por mim. Assim, estou a 5 minutos de casa, numa sala quente e com fotocopiadora.

Foi uma altura em que decidi que queria ampliar as minhas amizades para fora do complexo e por isso fui a tudo o que eram encontros e eventos.

No final desta primeira semana fui a um “Exchange Students Meeting” que tinha como objetivo dar aos alunos de cá a oportunidade de conviver com alunos de escolas parceiras.
Como tinha aula à mesma hora cheguei mesmo no fim mas ainda deu para conhecer alguns dos poucos europeus que há por aqui. À excepção da austríaca que me vendeu o bilhete para o jogo que assisti nesse fim-de-semana, nunca mais vi nenhum deles (é um fenómeno engraçado de erasmus: conhecemos mil pessoas uma vez e provavelmente nunca mais as veremos na vida).

Também foi uma semana que ficou marcada pelo meu primeiro encontro com a minha buddy neozelandesa, Sophie, que me levou ao que agora é o meu café preferido e onde tomei o melhor café expresso desde que cheguei. 

3º FIM DE SEMANA (11 a 13 Mar)

A photo posted by Joana Martins de Lima (@joanagmlima) on
O fim de semana começou invariavelmente com um pequeno convívio de complexo, algumas bebidas e quês e foi mais uma noite animada com música e pessoal muito alegre.

No entanto, o auge foi no Sábado, dia em que eu e a maioria dos meus amigos do complexo fomos assistir ao nosso primeiro jogo de rugby cá (eu já tinha visto alguns em Cascais e acompanhei minimamente a Rugby World Cup em Londres para ver os All Blacks a conquistar o título pela segunda vez consecutiva).

Vestimo-nos a rigor com as cores da equipa da casa, os Highlanders. Se em Portugal eu já torcia pelo azul, cá só tive de acrescentar o amarelo ao espectro de cores e de caras pintadas fomos todos animados ver o jogo.


Para cativar os estudantes e garantir um jogo animado, existem bilhetes à venda por preços super reduzidos (10 a 20 NZD, máximo) para entrar numa zona do estádio que se chama Zoo.


O jogo começava às 19h35 mas como queríamos “bons lugares” (o Zoo fica por trás da linha de ensaio, a perspectiva nunca é tão boa como nos lugares centrais, por isso nunca seriam os melhores lugares) saímos do complexo às 18h45.

Fomos revistados, pediram-nos os passaportes (como é uma zona onde há bebidas alcoólicas só maiores de 18 estão autorizados a entrar), e escolhemos a nossa bancada. Antes do jogo começaram a distribuir bandeiras, baldes de pipocas para pôr na cabeça e aqueles bastões insufláveis para aplaudir pelos adeptos, todos com o branding dos Highlanders. A bancada era praticamente toda azul e amarela.



O jogo em si foi o máximo. Notei os meus amigos americanos um pouco confusos e desinteressados por estarem mais habituados ao futebol americano e por isso fui tentando explicar o pouco que sabia à medida que os Highlanders iam marcando ensaios e convertendo. O ambiente do estádio era super divertido porque em momentos mais parados do jogo começava a tocar música e era uma animação nas bancadas. Ninguém se sentou uma única vez durante o jogo inteiro.


Acho que era difícil ter sido mais emocionante, até porque houve uma pequena troca de murros entre um jogador dos Highlanders e um jogador dos Lions (a equipa visitante neste jogo).

A cinco minutos do final a vitória estava garantida 34-15 e por isso saímos um bocadinho mais cedo para evitar confusões. Tão cedo, que nos esquecemos de levantar a bebida que o nosso bilhete incluía.

Mesmo assim não deixámos de dar uma festa assim que regressámos ao complexo.

O domingo, como sempre, foi dia de ressacar e de tratar de limpar a casa, organizar mais uma semana e ir ao ginásio compensar excessos.

3ª SEMANA DE AULAS (14 a 17 Mar)

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Parece estúpido eu referir isto, mas comecei esta semana em grande porque descobri mais um sítio óptimo para tomar café, mesmo ao lado de casa e onde um dos meus vizinhos trabalha.

Se em Lisboa tomar café era e é super banal, aqui celebro e saboreio cada café expresso de uma forma que nem sei bem explicar. Já nem é pelo facto de ser estupidamente caro (quase sempre mais que 2,6€) mas pelo facto de cada café envolver todo um planeamento prévio pois não existem estabelecimentos a vender café a partir das 16h, hora a que encerram todos, e parece que neste canto do mundo ainda não descobriram o que são máquinas de venda de café automáticas (estive quase para sugerir que este fosse o produto estudado no market plan do meu grupo).


Além disso, teve um início empolgante porque fui com o Leo comprar o nosso primeiro equipamento de campismo em jeito de preparação para as férias da midsemester break, às quais a Madalena e o Pedro se viriam a juntar.

Terça foi um dia emocionante e frustrante em simultâneo. A OUSA (Otago University Students’ Association aka Associação de Estudantes da Universidade de Otago) ia abrir a venda de bilhetes para a considera festa do ano, a Hyde Street Party. Em 2015 os bilhetes esgotaram em 5 minutos e as previsões para este ano não eram diferentes.
De facto, não podiam estar mais corretas. Houve uma sobrecarga tão grande no servidor quando a associação tentou pela primeira vez iniciar a venda dos bilhetes que a mesma teve de ser adiada para umas horas depois.

No meu complexo estávamos literalmente todos a atualizar a página segundo a segundo na tentativa de conseguir um bilhete. Nas três vezes em que foram vendidos e dos 37 do meu complexo, só dois dos meus amigos conseguiram a pulseira para a festa.
Como somos pessoas muito engenhosas e dadas a festas, decidimos que se não ia Maomé à montanha, ia a montanha a Maomé e em menos de meia hora tínhamos o evento criado no facebook “Hyde Street Party 2.0”. O conceito era o mesmo mas a localização era o 378 da Leith Street.

O que torna esta festa tão especial é o facto de ter um horário um pouco fora do normal: ter início às 6h00 e terminar às 17h30 (sim, o início é às 6h da manhã e o fim é à 17h30 da tarde; não, não me enganei) e além disso envolver o encerramento da rua Hyde para que em cada flat haja um tema. O objetivo é que os participantes da festa escolham um dos temas, se mascarem e apareçam à hora marcada para começar a festa com bebida e música logo pela madrugada. Como irei explicar mais à frente, nós reproduzimos a nossa própria versão da festa.

Se na segunda semana comecei a aquecer com um hand-in num tutorial de Environmental Economics e um aplia (espécie de quiz online) de Estatística, a terceira semana foi mesmo altura para ganhar tino e trabalhar mais um bocadinho, porque tive o meu primeiro teste na quinta-feira dessa semana.

Fiz-me à biblioteca, debrucei-me sobre os livros e fiz resumos como nunca fiz na Nova.

Há muitas coisas boas por cá, mas também há coisas que não me caem tão bem, ou que me fazem alguma confusão.

Rumores correm sobre a rivalidade intensa que se vive na Nova, mas a verdade, é que quando é preciso estamos lá todos uns para os outros (seja nas tardes no galinheiro em que está tudo a trabalhar para o mesmo trabalho de grupo ou nos grupos de caloiros em que se resolvem quizzes em equipa); eu pelo menos gosto de pensar que a maioria de nós, portugueses e especialmente alunos da Nova, segue aquela máxima de “I’m not here to compete, I actually hope we all make it”, e na grande maioria das vezes é o que sinto dos outros. Aqui não há esse altruísmo, é cada um por si.

Comentei o assunto com amigos e colegas de casa. Perguntei por grupos de facebook de partilha de informação/apontamentos ou qualquer esquema do género mas todos me disseram que cá não há disso. E aliás, é de mau tom pedir apontamentos ou não pagar por eles. Na realidade, a universidade até oferece a oportunidade de vendermos os nossos apontamentos ($6,5 por aula!!!) para que estes possam ser fornecidos a alunos que faltaram justificadamente. Como sou aluna internacional e o meu visto não me permite trabalhar, não me encontro no leque de candidatos a “note-takers”, mas eu tentei…

Posto isto, tenho andado eu própria a fazer os meus apontamentos e as minhas próprias sebentas, e foi o que fiz para esse teste. Acabou por se revelar um trabalho produtivo porque tive 20 mas, para ser sincera, nem sei se teria sido necessário tanto esforço, uma vez que o nível de exigência cá é bastante mais reduzido pelo facto dos meus colegas não terem bases de matemática nenhumas e resolver uma equação ser considerado um grande desafio.

Na véspera desse teste e a caminho da biblioteca dei com o “link” (espaço mais central da faculdade) à pinha. Estava a decorrer o equivalente ao Business Forum da Nova, com empregadores essencialmente nas áreas de direito, contabilidade, gestão e finanças.


Como não tinha nada a perder andei por lá a tentar perceber como funcionam as oportunidades de estágio por aqui. Na segunda semana, por incompatibilidade de horários perdi os eventos de apresentação da McKinsey, Bain and Company e PWC, que vêm da Austrália em busca de talento por terras neozelandesas.


Desta vez decidi perder meia hora a ir de banca em banca. No final, não consegui nenhuma oportunidade de estágio, mas trouxe aquela típica mixórdia de brindes que uma pessoa leva para casa depois de eventos deste género. Ainda fiquei com algumas brochuras interessantes da Ernst & Young e da Delloite, às quais me dei ao trabalho de dedicar mais alguma atenção.


O dia do teste calhou no dia de St. Patricks, 17 de Março, estranhamente super festejado por estes lados (mas penso que já deixei claro que os kiwis aproveitam qualquer ocasião para festejar). Acordei “cedo” porque tinha uma aula às 10h, mas tive o dia livre para rever as minhas anotações mil vezes até ir para a aula em que tive o teste às 16h.


Decidi que já que era um dia relativamente importante e por ter teste, iria experimentar uma refeição completa no food court, onde não tinha posto os pés desde a semana das inscrições. É uma alternativa cara se for para adoptar diariamente, uma vez que o menu completo são 9NZD, quer seja no buffet internacional ou asiático. Eu não quis inventar e fui para o internacional, até porque tinha sopa, prato que eu não via desde que abandonei terras portuguesas. Já o prato principal era tudo menos saudável. Na realidade nem sei bem descrever… Uma espécie de pizza com esparguete. Não era nem muito bom, nem muito mau… Alimentou-me!


Fui bastante satisfeita para a aula e saí ainda mais satisfeita depois do teste me ter corrido tão bem. Cheguei ao complexo e metade dos meus amigos já tinha estado a beber durante a tarde. A Orla, irlandesa, então, já ia num estado bem avançado.


Como estava super bem disposta, fui a correr ao meu quarto trocar para o meu outfit escolhido para o dia, que incluía as minhas meias da sorte compradas em Dublin, peguei num copo de vinho e fui festejar em família.



Nessa noite fui pela primeira vez à cidade para ir a um pub irlandês e nunca mais voltei porque na verdade não me cativou muito.

4º FIM DE SEMANA (18 a 20 Mar)

A photo posted by Joana Martins de Lima (@joanagmlima) on
Sexta-feira o pessoal teve de abrandar pelas mazelas da noite de quinta e pela antecipação do dia de sábado, dia da Hyde 2.0. O nosso complexo investiu tudo nesse nosso pequeno projeto e com um pequeno donativo de cada um conseguimos um sistema de som mu(uu)ito bom para o fim-de-semana todo mas especialmente para a festa. Aproveitámos o dia de sol que estava para o montar e testar.


Eu, como boa portuguesa, deixei a compra de acessórios para o meu disfarce para a festa para a última da hora.

O nosso complexo tem 7 flats que vão de A a G e ficou estabelecido que cada um teria de escolher um tema que começasse pela letra do seu flat. Assim, as alternativas eram:
A - Arranged Fruitful Marriage
B - Bahama Mama's
C - Cross Dressers
D - Disney
E - Eighties Exercise
F - Flintstones
G - Grannies.

Eu queria ser fiel ao tema do meu flat, Bahama Mama’s mas depois de 2 horas desesperantes no K Mart, percebi que me saíria melhor se optasse pelo tema Eighties Exercise e por isso investi $20 nesse visual.

Nessa noite o silêncio invadiu o complexo especialmente cedo, com todos a deitarem-se extraordinariamente cedo por saberem que o dia seguinte começaria bem de madrugada.

Às 6h em ponto começou a ouvir-se 'Pursuit of Happiness' no nosso pequeno complexo. No nosso pequeno complexo, e na vizinhança toda pois em menos de 15 minutos recebemos a nossa primeira queixa de barulho e tivemos de deixar a festa on hold até serem 7h30-8h. Eu que na noite anterior fugi à regra e me deitei por volta das 2h, agradeci mentalmente ao vizinho que decidiu queixar-se e aproveitei a hora e meia extra para dormir.

Às 8h levantei-me com muita calma e preparei um bom pequeno almoço pois sabia que o dia seria longo e animado, além disso estava com o que cá chamam de Freshers Flew (típica gripe de caloiros e de início de semestre/outono), com dores de garganta.


Às 9h30 juntei-me a 100% à festa, com música, álcool e disfarces. Ninguém não se mascarou e havia representantes de todos os temas. Confesso que foi estranho começar a beber tão cedo mas o conceito da festa acabou por ser mesmo engraçado e divertimo-nos bastante.


Eu segui o exemplo da Evie, minha colega de casa inglesa, e às 15h como estava de rastos decidi tirar um tempinho para uma pausa e dormir a sesta.

Quando acordei ainda tinha pessoas a festejar no nosso jardim.

Ressacar às 17h30 da tarde teve a sua piada e foi mais uma experiência diferente. Parecendo que não ainda tive um fim de tarde produtivo pois tratei de toda a roupa que tinha por lavar e ainda fui à geladaria comprar um gelado.

No domingo, voltei a pôr os pés na terra e liguei o modo responsável. Fui de manhã para a biblioteca e só saí para almoçar na pizzaria mais famosa de Dunedin que fica mesmo do outro lado da rua.


Foi o último fim-de-semana de esforço até entrar de férias na mid semester break.

4ª SEMANA DE AULAS (21 a 23 Mar)

A photo posted by Madalena Oliveira (@madalena_vicente) on


(Esta fotografia é na minha rua!!!)

Nesta semana a minha cabeça já não estava nem virada para as aulas. Não deixei de cumprir os meus deveres de estudante aplicada, mas a contagem decrescente para estar com os meus aussies estava perto do fim. Quinta-feira era dia de reunião da família portuguesa em Dunedin e eu já não pensava noutra coisa até porque as férias envolveram algum planeamento como o aluguer do carro e a compra de outros essenciais de viagem.

Fiz questão de enviar e-mail aos meus professores para poder assistir a outras aulas e assim evitar perder as aulas de quinta-feira, dia em que já não estaríamos por Dunedin.

No início da semana ainda houve uma iniciativa mesmo gira sugerida pela minha kiwi host e a melhor amiga dela, kiwi host do flat A, Secret Easter Bunny! Tal como o amigo secreto que fazemos em Portugal normalmente pela altura do Natal, os 36 de nós que resolveram participar retiraram um nome à sorte para presentear com um ovo da páscoa (ou qualquer outro presente) que custasse no mínimo $10. Como me calhou um vizinho com o qual me dou extremamente bem (Maxwell) entusiasmei-me um pouco e fui bastante além do limite, mas como adoro surpresas foi um gasto sem remorsos.


Na terça-feira, as nossas coelhinhas da páscoa de serviço e que tiveram a ideia, a Caitlin e a Jordan, recolheram os presentes de todos os flats e distribuíram pelos presenteados.


A mim calhou-me um conjunto de um coelho de chocolate da Cadbury (que desapareceu no próprio dia), um tubo de chocolates Hersheys e uma caixinha de whoppers.


O meu coelho da páscoa secreto ainda se revelou um artista e deixou juntamente com esse festival de açúcar e cacau um desenho mesmo querido a desejar-me uma páscoa feliz. Uma coisa que me irritou profundamente foi o facto de levarem a parte do coelho da páscoa ser secreto tão a sério… Até hoje não sei quem foi a pessoa que me presenteou, mas estou-lhe bastante agradecida.

Em termos de carga de trabalho da faculdade foi uma semana bastante tranquila e na quarta-feira, fugi à tentação de faltar às aulas por ser a chegada dos meus amigos e deixei o Leo encarregue de os levar ao supermercado e ao The Warehouse para tratar das últimas compras para a nossa break.

Com isto não quero dizer que os deixei de receber e de ir a correr de uma ponta da universidade à outra para ir dar um abraço gigante à Madalena.

Fui tratar com eles do aluguer do carro e regressei para as últimas aulas dessa semana.

Ignorando a discussão de família que surgiu sobre quando sair de Dunedin, acabei a semana e comecei a midsemester break em grande com a Madalena nos Velvet Burgers e com um gelado do Rob Roy Dairy para concluir o serão em grande.

No dia seguinte iniciámos a nossa segunda grande aventura pela Oceânia, mas essa vai ter de ficar para outra publicação pois esta já vai longa e eu estou a meio das duas semanas mais intensas do semestre, sem muito tempo para me dedicar à escrita.

Vou tentar ser mais assertiva nos tempos de escrever e ter um resumo da nossa aventura de meados do semestre pronta no final da próxima semana, mas sem promessas.

Não sei como terminar o post. Acho que o conjunto de experiências fala por si e reflete o quão inesquecíveis os tempos por aqui têm sido. Ainda assim dou por mim (e contra todas as minhas expectativas) com algumas saudades de casa. Se não estivesse a 18 mil quilómetros de distância, fazia uma visita de fim-de-semana fácil. Mas o bom disto tudo é que tenho a certeza que quando voltar vou valorizar tudo o que senti falta de uma forma muito mais especial.

Estou naquela altura em que percebo que os dias que tenho para a frente são menos dos que já deixei para trás e não sei se ria ou se chore. Por agora, escrevo...